CBN Ponta Grossa

5 de mai de 20202 min

Gilson Aguiar: Leveza é a proporção do peso que se consegue suportar

Todos nós já ouvimos falar da frustração. Outros, já viveram. Estes sabem a
 
importância que ela tem para a construção de um ser humano ciente e consciente. Só
 
quem se frustrou tem a dimensão do quanto há limites e como eles podem ser
 
superados. Já, a superação depende do ato de enfrentar o problema e não fugir dele.


 
Adultos que honram o tempo de vida que têm conseguem valorizar a frustração como
 
condição vital de educação. As inúmeras vezes que o desejado não ocorreu, aquilo que
 
se esperava de consequência de um ato não se realizou. Neste momento, quando a
 
frustração se instala há duas escolhas. A primeira é chamar a frustração de derrota,
 
perda, recuo. A segunda é entender que mais uma etapa no caminho que está se
 
construindo foi alcançada.


 
Logo, a frustração é condição natural e necessária. Ela não pode ser evitada e deve ser
 
enfrentada. Existem formas diferentes de encarar as adversidades. E isso faz toda a
 
diferença. O resultado da ação nem sempre pode ser previsível, mas a atitude que se
 
toma é determinante. Temos que reagir, o que não significa agredir ou enfrentar de
 
forma desesperada os obstáculos que surgem, os contratempos que nos afetam.
 
A coragem não se mede pela ousadia do ato, mas a determinação em buscar o que se
 
quer. A insistência não perseverança. Por mais que nos dicionários elas possam ter o
 
mesmo significado. Enquanto a perseverança implica na busca com uma constante
 
reflexão e revisão de estratégia, metas e objetivo. A persistência é manter o mesmo ato,
 
cumprindo as mesmas metas e na busca do mesmo objetivo.


 
Estamos diante de um momento de frustração. Ela tem um significado diferente
 
para todos nós. O que não significa que não deva ser compreendida e aprendida. Este é
 
um tempo de lição. Uma exigência de mudança. Pode ser nas estratégias de busca ou
 
mesmo de rever o que queremos. Mas não seremos os mesmos. Os que
 
permanecerem com os mesmos atos, insistirem, ficaram para trás.
 
Porém, vale lembrar, que recuar não é sinal de derrota ou desistência. Pode ser uma
 
necessidade estratégica, desde que não se fique nesta posição por muito tempo. Ato
 
pensado não é consequência da adversidade. Tem que se ter um propósito mesmo
 
quando se dá um passo para se recompor ou rever uma ação.
 

 
Há crianças e infantilizados. O que não significa ser adulterado. Uma coisa são as
 
vítimas e a outra é a vitimização. A pandemia nos trouxe adulterações, fez e faz vítimas.
 
Porém, os que se consideram prejudicados sem entender que é necessário reagir de
 
maneira inteligente enfrentando o problema agem como crianças mimadas. Os que
 
preferem fazer as coisas como se nada estivesse acontecendo são “crianças mimadas”.


 
Estamos diante de uma oportunidade de aprender. Não podemos perder a chance
 
de revermos quem somos, nossos planos e estratégias, nossas metas e objetivos.
 
Podemos e temos o direito de reavaliar se o significado das coisa ainda são os mesmos
 
e se a maneira como agimos ainda tem os mesmos resultados. Tudo isto é válido. O
 
que não tem qualquer valor é a derrota, a fuga através da ilusão. Isto é coisa de criança.
 
O mundo agora precisa de adultos mais do que nunca.

Gilson Aguiar é âncora e comentarista da CBN Maringá

Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

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