CBN Ponta Grossa

18 de mai de 20202 min

Gilson Aguiar: Somos nosso próprio peso

Um grande número de pessoas não respeitam as medidas restritivas de isolamento e
 
distanciamento social. Em várias cidades do Paraná há trabalho por parte do poder público para controlar os excessos.


 
Quem disse que o inimigo é aquele que se encontra no culto da violência diária, o
 
bandido descrito nas páginas ou setor policial dos meios de comunicação? O inimigo
 
mais perigoso é íntimo, espelho nosso do dia a dia. Um ser considerado normal, como
 
nós, que frequenta os mesmos ambientes.


 
Neste período em que poderes públicos municipais tem pedido constantemente a
 
obediência aos decretos, alguns até estaduais, como o uso de máscaras, é fácil
 
perceber as pessoas que são resistentes. O cidadão comum. O ser humano que
 
passaria despercebido em tempos de normalidade.


 
Por que lhe falta maturidade para aceitar as medidas necessárias para a proteção da
 
sociedade? A resposta está na construção de um ser ensimesmado, fechado em torno
 
de sua própria vontade e interesse. O ser molecular, senhor de um “universo próprio”.
 
Lapidado pela nossa retórica da particularidade. Não vê ninguém além dele mesmo e o
 
que vê é sempre o que lhe convém.


 
Se estamos espantados pela falta de respeito que alguns demonstram diante da
 
pandemia tendo um comportamento de desprezo pela dor alheia e prevenção é porque
 
não observamos com mais atenção nos tempos de normalidade o que o mesmo ser
 
anuncia com seus atos. O debochado e irônico, machista e abusado, violento e
 
impositor é idolatrado. Não é solidário, é cão de guarda. Serve para a guerra e não para
 
a cooperação.


 
Quando estamos em guerra com outros seres humanos, precisamos destes cães
 
valentes, impiedosos e exterminadores. Fundamental ter no combate ao inimigo,
 
quando este é outro ser humano, um perfil agressivo. Mas diante de uma pandemia em
 
que se precisa de respeito a vida e preservação da paz, o cão de guerra para nada
 
serve. Ele piora a situação e está a procura de suas vítimas, via de regra, quem deveria
 
defender.

Ouça o comentário de Gilson Aguiar para a CBN Ponta Grossa:

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