Dentre os mandados estão 30 de prisão preventiva e 87 de busca e apreensão nos estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo.
Ponta Grossa é uma das cidades com mandados de busca e apreensão da Operação Downfall que mira uma organização criminosa ligada ao tráfico internacional e interestadual de drogas. Equipes da Polícia Civil do Paraná, Polícia Federal (PF) e a Receita Federal estão nas ruas desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (4) para cumprir 117 ordens judiciais.
Dentre os mandados estão 30 de prisão preventiva e 87 de busca e apreensão em endereços situados nos estados do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Goiás e Espírito Santo.
Também foram decretadas medidas patrimoniais de sequestro de imóveis, bloqueio de bens e valores existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados, que totalizam um valor estimado em mais de R$ 1 bilhão. A ação conta com 500 policiais entre civis e federais e ainda com o apoio de 25 auditores da Receita Federal.
Investigações começaram com aumento da violência em Paranaguá
A operação começou com uma investigação para apurar crimes de homicídios em Paranaguá e constatou que o aumento da violência estava relacionado à disputa pelo controle do tráfico de drogas no local.
A Polícia Civil concluiu que um dos criminosos mais procurados do estado, com extensa ficha criminal e registros por diversos crimes, como tráfico de drogas, associação para o tráfico, porte ilegal de arma de fogo e organização criminosa, seria o responsável por financiar esses homicídios, fornecendo armas e munições para execução de integrantes de grupos rivais.
Esse criminoso estava foragido desde 2016, em virtude de três mandados de prisão expedidos pela Justiça Estadual do Paraná, mas foi preso em 16 de agosto de 2021 com documentos falsos em uma clínica de cirurgia plástica em São Paulo.
A investigação constatou a relação direta da organização criminosa com as ações violentas em Paranaguá e no Litoral, sendo responsável, inclusive, por um atentado com incêndio de dois veículos na Delegacia de Polícia de Matinhos em 16 de abril de 2020.
Esses veículos estavam envolvidos em um duplo homicídio a tiros de fuzil calibre 556, pistola 9 mm e espingarda calibre 12 ocorrido em Matinhos, no dia 13 de abril de 2020.
A investigação concluiu que, além da atuação no tráfico interno e outros crimes, o líder da organização criminosa também atuava no tráfico internacional de drogas.
Tráfico internacional de drogas
As investigações revelaram que a organização criminosa constituiu uma complexa estrutura logística para operacionalizar as ações de narcotráfico, que abrange desde a produção da droga no Exterior, o posterior ingresso e transporte dentro do território nacional, distribuição interna, preparação e o envio dos carregamentos de cocaína para outros países utilizando principalmente o modal marítimo.
Grande parte da droga movimentada pelo grupo tinha como destino os portos da Europa e, para isto, atuavam predominantemente na região de Paranaguá, local de onde exportavam grandes quantidades de cocaína através da contaminação de contêineres, ocultação em cargas lícitas, em refrigeradores de contêineres, uso de mergulhadores para inserir a droga em compartimento submerso dos navios, entre outros métodos.
Foram realizadas diversas apreensões de carregamentos de cocaína vinculados a atuação desta organização criminosa e, por meio de um trabalho conjunto, também foram realizadas prisões em flagrante e apreensões de droga no decorrer da investigação, totalizando aproximadamente 5,2 toneladas de cocaína.
Compra de imóveis de alto padrão no litoral de Santa Catarina
Os lucros obtidos com essas atividades criminosas também estavam sendo usados para subsidiar a ampliação da estrutura logística do grupo, mediante aquisição de aeronaves, barcos, empresas, imóveis, entre outros instrumentos destinados a fomentar a expansão das suas ações, além de armas de fogo e munições para intensificar o poderio bélico e a capacidade de intimidação em face de outros grupos criminosos.
As investigações revelaram ainda que lideranças dessa organização empregavam diversas metodologias para ocultar e dissimular a procedência ilícita dos seus ganhos financeiros e do patrimônio multimilionário constituído a partir dos crimes perpetrados.
Nesse contexto, a investigação constatou que o principal esquema financeiro para promover a lavagem do dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas era o investimento no setor imobiliário do litoral de Santa Catarina.
Os investimentos consistiam na compra de apartamentos de alto padrão e financiamento com o dinheiro ilícito para construção de empreendimentos imobiliários, o que era feito com a conivência de algumas construtoras e empresas envolvidas no esquema criminoso e que foram alvos da ação nesta quinta-feira.
Essas empresas são suspeitas de realizarem negócios jurídicos fraudulentos ou não declarados que foram custeados com recursos oriundos do tráfico internacional de drogas, com indícios de que os representantes tinham conhecimento da procedência ilícita dos valores que subsidiaram as transações.
As investigações também constataram pagamentos de imóveis de luxo com altas quantias de dinheiro em espécie, sem a devida comunicação aos órgãos competentes, bem como a utilização de pessoas para ocultar a identidade do real adquirente.
Os investigados na operação podem responder pelos crimes de pertinência a organização criminosa, tráfico internacional de drogas e associação para fins de tráfico, com penas que podem chegar a 50 anos de reclusão, bem como pelo crime de lavagem de dinheiro, com penas que podem chegar a 10 anos de reclusão por cada ação perpetrada.
Atualização da Operação
Conforme a última atualização da Polícia Civil, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão em Ponta Grossa, 10 em Curitiba, dois em Pontal do Paraná, dois em Morretes, um em Matinhos, um em Pinhais e um em São José dos Pinhais.
Até o momento, foram cumpridos 26 mandados de prisão preventiva e realizadas três prisões em flagrante, sendo que um desses estava com mandado de prisão em aberto. Foram presos 28 integrantes da organização criminosa até agora.
Em São Paulo já foram 19 mandados em nove cidades, Santa Catarina 32 mandados em oito municípios. Já no Mato Grosso do Sul foram seis mandados em duas cidades. Nos estados do Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás e Rio de Janeiro foram cumpridos um mandado cada.
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