O ano foi marcado por desafios nas safras, uso da tecnologia crescimento da produção no agronegócio da região.

2022 foi mais um ano em que o clima deu dor de cabeça para a agricultura dos Campos Gerais. Em janeiro, a Represa de Alagados estava com 44% de volume útil, registrando 7,84 metros, seguindo a tendência de seca com os baixos níveis de reservatórios de água completando três anos.
A falta de chuvas afetou principalmente as safras de soja, milho e feijão nos Campos Gerais. Em fevereiro, o primeiro relatório do Departamento de Economia Rural (Deral) projetou perda de mais de R$ 1 bilhão na safra em Ponta Grossa.
Entidades pediram ao governo federal ajuda em medidas como crédito rural, distribuição de sementes e auxílio emergencial a produtores afetados pela crise hídrica. No estado, ações como a subvenção de juros para alguns investimentos e o fornecimento de capital para as mais de 170 cooperativas da agricultura familiar foram realizadas.
Em Ponta Grossa, a prefeitura chegou a estudar um decreto de crise hídrica, mas a medida não foi necessária. Em agosto, o frio chegou aos Campos Gerais e deixou produtores preocupados. Geadas foram registradas, mas apesar dos estragos não afetaram a cultura do trigo.
Ainda em janeiro, uma lista do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento colocou Tibagi, na região dos Campos Gerais, como uma das cidades mais ricas do agronegócio brasileiro.
No Paraná, Guarapuava, Cascavel e Toledo também entraram no levantamento. A publicação levou em conta duas classificações: o Valor Bruto da Produção (VBP) das lavouras permanentes e temporárias, referente ao ano de 2020, e o Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios em 2019.
Tibagi ocupa a marca de número 70. Em 2020, o VBP da cidade chegou a R$ 932,9 milhões, com um PIB de R$ 842,1 milhões em 2019. Além de estar entre os principais do Paraná no plantio de madeiras de reflorestamento, de feijão e soja, a cidade é considerada a capital nacional do trigo.
Ninguém produz mais trigo no Paraná e no Brasil do que Tibagi. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), o município colheu 111 mil toneladas em 2020, em uma área total de 30 mil hectares. Ou pouco mais de 15% de toda a produção paranaense de trigo.
Do ranking das cidades mais ricas do agronegócio, Guarapuava ficou na 49ª posição, Cascavel na 58ª e Toledo na 79ª.
Ao todo, as quatros cidades somaram um Valor Bruto da Produção de quase R$ 27,2 bilhões, um quinto da produção agropecuária estadual, que registrou R$ 128,3 bilhões em 2020, de acordo com a Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento.
O Paraná é o estado da Região Sul com o maior número de cidades entre as 100 mais ricas do agronegócio brasileiro.
Em Ponta Grossa, o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) cresceu 50% entre 2020 e 2021. O crescimento nominal é maior que a média do Paraná, que teve um aumento de 41% no período.
Conforme o relatório, a geração de riquezas no agronegócio alcançou no ano passado a casa dos bilhões de reais no município.
As safras de soja representam 57% de toda a produção em Ponta Grossa.
Um desabamento de pedras em um cânion em Minas Gerais que matou 10 pessoas despertou a preocupação nos parques com formações naturais da região de Ponta Grossa. São cachoeiras, cânions, arenitos e furnas que chamam a atenção por possíveis riscos geológicos.
Segundo o Instituto Água e Terra (IAT), são 71 unidades de conservação no Paraná e atualmente 24 são abertas à visitação pública. Uma delas é o Parque Estadual de Vila Velha, que recebeu mais de 60 mil visitantes no ano passado.
Três furnas podem ser visitadas no Parque. A Furna 1 e 2 são as mais profundas do Paraná, com até 100 metros de profundidade e a Lagoa Dourada. Além das trilhas nos arenitos.
Outra unidade que chama atenção na região dos Campos Gerais é o Parque Estadual do Guartelá, em Tibagi, que abriga o 6º maior cânion do mundo e o único com vegetação nativa.
Os Parques Estaduais do Paraná são monitorados pelo Instituto Água e Terra (IAT). No Parque Vila Velha, o acompanhamento é feito pela concessionária do local.
Com o início dos conflitos na Ucrânia, uma das principais preocupações do agro era com os fertilizantes. Em março, uma nota técnica emitida pelo Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral) apontou que a expectativa era de um aumento de preço dos produtos.
A nota apontou que a importação de fertilizantes pelo Brasil atingiu o volume máximo em 2021, com crescimento de 45,4% em comparação a 2017. No entanto, houve diversificação na cadeia de países exportadores. No caso do Paraná, por exemplo, a participação russa apresentou tendência de queda.
Em fevereiro, a CBN levou ao ar a série de reportagens "Cervejas do Paraná: indústria e agronegócio", que abordou o mercado cervejeiro da região e como ele impacta na produção de todo o estado.
E a região é destaque no agronegócio devido ao grande investimento em pesquisas para melhorar a produção. O uso de novas tecnologias e o fomento à estudos foi tema de uma série de reportagens da CBN Ponta Grossa em julho.
O tema também rendeu uma série de entrevistas que abordou a força do agronegócio na pandemia, novas tecnologias, sustentabilidade, financiamentos e participação feminina. Debora Noordegraf é suinocultora na região e integra a lista da Forbes Brasil das 100 Mulheres Poderosas do Agro. Ela participou da série e falou sobre a presença das mulheres no setor.
A CBN também repercutiu resultados de pesquisas feitas na região. Um grupo de pesquisadores que realiza excursões científicas no Parque Nacional dos Campos Gerais e no Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas revelou que as intervenções humanas no ecossistema da região podem impactar na diversidade de espécies de animais.
O monitoramento constatou que os animais sofrem com a fragmentação de seu habitat, trazendo problemas como a endogamia e a falta de recursos.
Outra pesquisa mapeou 56 cavernas na Escarpa Devoniana entre Campo Largo e Ponta Grossa. Conforme um artigo do Grupo Universitário de Pesquisas Espeleológicas (GUPE), as cavidades subterrâneas estão em trecho de implementação de cerca de duas mil torres de transmissão de energia.
A descoberta alterou o traçado das linhas na área. Em Ortigueira, uma pesquisa encontrou fósseis de uma floresta que existiu há 290 milhões de anos. As árvores estão preservadas na posição vertical, o que é raro, e na época chegavam a 20 metros de altura.
O estudo pode contribuir para a reconstituição dos ecossistemas primitivos e a evolução de plantas em toda a história da Terra.
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