Sistema de erva-mate é reconhecido como Patrimônio Agrícola Mundial
- CBN Ponta Grossa
- há 6 dias
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Os sistemas tradicionais e agroecológicos de produção de erva-mate do Paraná foram reconhecidos, em maio deste ano, como Patrimônio Agrícola Mundial. O título foi concedido pelo Comitê Científico da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a FAO. O reconhecimento foi possível com a contribuição de uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Ponta Grossa, a UEPG.

Os professores Alessandra Izabel de Carvalho, Evelyn Nimmo e Robson Laverdi percorreram, por cerca de oito anos, municípios do Centro-Sul do Paraná, como Rebouças, Inácio Martins, Irati, São João do Triunfo e São Mateus do Sul. O objetivo foi ouvir pequenos produtores de erva-mate e registrar práticas tradicionais de cultivo.
Segundo os pesquisadores, os agricultores que participaram da pesquisa se identificam como erveiros, para se diferenciar dos ervateiros, que são os donos das indústrias. A candidatura para o reconhecimento foi feita em 2020 pelo Observatório dos Sistemas Tradicionais e Agroecológicos de Erva-mate, do qual a UEPG é signatária. Este é o segundo sistema agrícola reconhecido como Patrimônio Agrícola Mundial no Brasil. O primeiro foram os apanhadores de flores sempre-vivas, em Minas Gerais.
A professora Alessandra explicou que a proposta sempre foi dar visibilidade aos sistemas de produção tradicional e aos pequenos agricultores. A produção de erva-mate tem origem nos povos indígenas, com cultivo feito sob a sombra da Floresta de Araucária. Com o tempo, e a chegada de indústrias, parte dessa produção passou a ocorrer a pleno sol e com uso de agrotóxicos.
O professor Robson destacou que o trabalho mostrou a importância das ciências humanas para a construção de soluções com impacto social. Ele explicou que os pesquisadores participaram diretamente da candidatura, por meio da história oral e da construção coletiva com os produtores.
A professora Evelyn afirmou que o grupo documentou histórias, práticas e conhecimentos das famílias produtoras. Ela explicou que esse trabalho foi importante para valorizar a continuidade das práticas agroecológicas. Segundo Evelyn, os saberes tradicionais, sociais e culturais também foram fundamentais para o reconhecimento.
O título de Patrimônio Agrícola Mundial protege a produção de cerca de 7 mil agricultores familiares, garantindo a preservação das técnicas tradicionais e a geração de renda no campo. O reconhecimento também fortalece o Programa de Pós-Graduação em História da UEPG. Segundo os professores, o projeto envolveu pesquisa, ensino e extensão, com escuta e participação direta nas comunidades.
Em dezembro de 2021, representantes da universidade participaram de um encontro promovido pela FAO, em Irati, para apresentar a candidatura. A professora Alessandra concluiu que a conquista foi resultado de um encontro entre os saberes tradicionais, técnicos e acadêmicos, todos reunidos em torno de uma causa comum.
*Texto escrito a partir de informações da assessoria
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