Formação alerta para os desafios do tema de 2024
Cerca de 70 leigos, e também religiosos, participaram da formação sobre a Campanha da Fraternidade 2024, que tem como tema 'A Fraternidade e Amizade Social'. O encontro aconteceu das 9 às 16 horas, no Espaço Cultural Sant'Ana, em Ponta Grossa, e contou com representantes de paróquias, capelas e comunidades religiosas de Castro, Telêmaco Borba, Imbituva, Ventania, Irati e Ponta Grossa. A condução da formação ficou por conta da coordenação diocesana da Campanha da Fraternidade: Márcia Simões, Munira de Oliveira e Mariângela Burgardt Meter, que alertaram para os desafios do tema deste ano.
Conforme Márcia Simões, houve mais participantes do que o número oficial de inscritos. “E foram pessoas bem participativas, que interagiram, trouxeram exemplos...Pareceram bem interessadas. O tema é tranquilo de se trabalhar, ainda que desafiador. Por trás dele tem todo um trabalho social que a Campanha carrega. Não é só celebrar a amizade, mas construir essa amizade com outras pessoas, fora do nosso convívio do dia-a-dia. Primeiro, temos que fazer essa celebração na nossa família, na nossa comunidade e, depois, alargar, ‘abrir a tenda’ para receber as pessoas que precisam”, avaliou a coordenadora.
Márcia lembrou ainda as datas do desenrolar da Campanha da Fraternidade, citando a abertura oficial, tradicionalmente na Quarta-Feira de Cinzas, o Domingo de Ramos, quando acontece a coleta da solidariedade, “dia em que as pessoas farão a coleta do sacrifício que fizeram durante a Quaresma”, explicou, e, este ano, o 20 de julho, Dia Internacional da Amizade. “Faremos propostas para que as comunidades estejam celebrando esse dia, com iniciativas que partam das próprias paróquias, sempre”, destacou. Em sua fala, a coordenadora refletiu, com dinâmicas, a respeito da importância do voluntariado. “O voluntariado pelo voluntariado não tem sentido. Se está na paróquia fazendo qualquer trabalho precisa sempre ser com vistas a mais, o de estar sendo um pouco Jesus para quem está precisando”, resumiu.
O coordenador diocesano da Ação Evangelizadora: Padre Joel Nalepa, esteve na formação, no período da tarde. Para ele, tratava-se de, mais uma vez, oferecer uma oportunidade de aprofundar um tema que é, aparentemente, simples, mas desafiador. “Falar hoje em fraternidade social, amizade social, é algo que nos desafia já que vivemos em um mundo fragmentado, polarizado, em que se tem tantas interpretações e incompreensões nos relacionamentos humanos e sociais. Mas, o importante é que o ponto de partida seja a Palavra de Deus. O que nos ilumina de fato é o Evangelho, onde Jesus nos convida a viver a fraternidade. ‘Vos sois todos irmãos’. Essa compreensão bíblica dessa filiação divina, nos ajuda a entender que, dentro da Igreja, fora dela, onde nós estamos, o cristão é convidado a ser sinal do Reino, sinal de fraternidade. O Papa Francisco nos convida a refletirmos sobre isso: ‘somos todos irmãos de fato’. E aquilo que nós percebemos e que se espera é que tenhamos gestos, experiências que de fato nos ajudem a vivermos a fraternidade ou amizade social dentro daquilo que já existe em nossas comunidades, grupos, famílias”, orientou o padre.
Amizade, fraternidade, gentileza, são virtudes tão importantes que a Campanha da Fraternidade vem ajudar a resgatar, destacou padre Joel. “Não é uma proposta nova, apenas um lembrar daquilo que somos, dentro da Igreja e para a Igreja: devemos ser sal e luz. E, claro que se vivermos a gentileza dentro da Igreja e na sociedade estaremos sendo sinais do Reino e fazendo acontecer aquilo que Deus mais espera de nós, que é o bem”, ressaltou, rememorando ainda a necessidade dos exercícios quaresmais. “A Quaresma exige de nós esse espírito de jejum, de oração e de caridade. Isso tem que ser transformado em um gesto de solidariedade. A Campanha da Fraternidade é esse convite, para que, em um contexto de conversão social, conversão comunitária, também possamos dar ajuda material, para que, depois, essa ajuda se transforme em benefício dentro da própria comunidade, com os projetos que são elaborados dentro do tema e outras questões que são urgentes e precisamos atender. Jejum e sacrifício precisam ser transformados em gestos de caridade”, enfatizou padre Joel.
Inspiração
Este ano, inspirada na Encíclica do Papa Francisco, Fratelli tutti, a Campanha da Fraternidade tem como tema: ‘Fraternidade e Amizade Social’ e o lema: ‘Vós sois todos irmãos e irmãs’ (Mt. 23, 8). Tema e lema foram escolhidos pelo Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em novembro de 2022. Trata-se de um convite de conversão à amizade social e ao reconhecimento da vontade de Deus de que todos sejam irmãos e irmãs.
É através da Encíclica Fratelli tutti que conseguimos nos aprofundar no tema proposto. Pois, é nesta Encíclica que o Papa Francisco nos leva a compreender que somente laços de irmandade serão capazes de construir um mundo melhor, pacífico e com mais justiça. A fidelidade ao Senhor deve ser manifestada no amor pelos irmãos. E essa manifestação é um critério fundamental dessa encíclica: não se pode dizer que se ama a Deus se não se ama o irmão. “De fato, quem não ama o próprio irmão a quem vê, não pode amar a Deus que não vê” (1Jo 4,20)
A Encíclica traz para nós as diversas faces de um mundo atual fragmentado que recebe apenas falsas promessas de melhorias. Foi acreditando e seguindo ideologias que afirmavam ser soluções para as dificuldades desse tempo que nos deparamos com um regresso no caminho humano, onde as pessoas estão cada vez mais individualistas e acreditando em suas próprias verdades. Dessa forma, todo aquele que vive a Campanha da Fraternidade de 2024 torna-se um agente evangelizador e reparador diante das dificuldades dos nossos dias.
O tema de 2024 propõe a fraternidade e a comunhão entre diferentes etnias e idades. Dessa maneira, esta Campanha nos remete a amizade de Deus com o homem que não opera por distinção. Antes, acolhe a todos e convida ao banquete do amor juntamente ao seu filho Jesus. Dessa forma, também nós, a partir desse tema devemos vivenciar a amizade que acolhe a todos independentemente de nossos gostos, afetos e preferências. O tema deste ano ainda nos propõe a abertura para os desafios do mundo e de nossa realidade atual, pois a Igreja jamais deveria fechar-se em si mesma.
Através da abertura do coração e desejo sincero de comunhão, somos convidados a exercer um laço de caridade e ser uma porta da Igreja que se abre. Por essa porta devem entrar todos aqueles que são marginalizados devido a sua raça, cor, etnia e etc. Nisso devem se incluir também os ministros ordenados da igreja, que também devem acolher a todos.
Das Assessorias
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